Descarga eletrostática é um termo muito mencionado no âmbito eletroeletrônico, mas muitas vezes ignorado. Este fenômeno ocorre naturalmente quando corpos diferentes, como por exemplo, uma pessoa e uma máquina, possuem potenciais diferentes. Já recebeu aquele choque ao pegar na porta do carro, ou até mesmo quando esbarrou em alguém? Esse evento foi uma ocorrência de uma descarga eletrostática.

Ao ser carregado, um objeto ou pessoa fica em um estado de desequilíbrio de cargas. Quando há oportunidade, esse equilíbrio eletrostático é alcançado através de uma descarga eletrostática. Esse fenômeno se manifesta no nosso dia-a-dia através de uma pequena corrente elétrica, ocasionalmente sendo vista, ou até mesmo escutada. Essa corrente não é prejudicial ao ser humano devido à baixa energia, mas impacta os componentes elétricos, visto que a tensão poderá chegar até 35 mil volts. Nesta situação, é possível comparar o ser humano como um grande capacitor.

Seja no inverno ou em uma sala acondicionada, este efeito é mais frequente em ambientes com baixa umidade relativa do ar. Nesta situação, o acúmulo de cargas ocorre de forma mais constante, necessitando da atenção do técnico. Para ambientes laboratoriais na qual é necessário um ambiente com uma baixa umidade do ar, é necessário uma atenção redobrada, visto que a descarga eletrostática poderá ocorrer com mais frequência.

Os efeitos desta descarga eletrostática poderão ser diversos, variando desde a perda de memória de componentes até os danos definitivos na placa. Para equipamentos de diagnóstico in-vitro na qual há análise fotométrica ou até mesmo análise de sensibilidade, é necessário ter um cuidado maior ainda.

Para isso é necessário ter cuidado com nossos equipamentos! Existem diversas formas de reduzir ou sanar o impacto destas descargas. Primeiramente, é essencial que o laboratório se atente ao ambiente de instalação dos analisadores, visto que é mencionado o aterramento adequado de cada equipamento. É possível ainda, utilizar acessórios adequados e de fácil acesso:

  • Pulseiras antiestática

A pulseira antiestática é fácil de manusear e transportar, e sempre é recomendado o técnico leva-la em toda atuação. Similar a uma simples pulseira, ela possui uma ligação elétrica por contato com o corpo humano, e possui um cabo para ser conectado a um local aterrado, permitindo que as cargas no corpo do operador retornem ao equilíbrio. É interessante observar ainda, que a pulseira conta com uma alta resistência (Na cada de 1 mega ohm) para proteger o operador caso ele entre em contato com um objeto carregado.

  • Jaleco antiestático

O Jaleco antiestático é composto por uma junção de poliéster e fibra de carbono capaz de proteger se forma mais sutil, a propagação das descargas eletrostáticas para o componente. O jaleco ao ser utilizado proporciona o efeito blindagem (gaiola de Faraday). Sucintamente, ele permite que haja distribuição mais equilibrada de cargas na parte externa, proporcionando um campo elétrico próximo ao nulo. Além disso, o jaleco antiestético pode ser considerado como um EPI, ou seja, um Equipamento de Proteção Individual.

  • Atenção ao armazenamento dos componentes!

Acessórios são importantes, mas o cuidado com as placas em si também são necessários. Quando armazenado ou transportado, placas e componentes sensíveis devem ser embalados adequadamente. Materiais como sacos ou plásticas bolhas tradicionais, poderão gerar um acúmulo de cargas que poderá impactar a placa. Desta forma, é necessário sempre ficar atento à utilização de embalagens metalizadas, caixas ou recipientes que não irão acumular energia eletrostática.

Referência:
Araújo, Quoirin, Ardjomand. As descargas eletrostáticas e a manutenção de equipamentos sensíveis no âmbito do setor elétrico. Centro Politécnico da UFPR, Curitiba-PR, 2004.