A aquisição da Labtest pela VIRTUE DIAGNOSTICS, uma empresa com sede em Singapura, aconteceu oficialmente em setembro de 2022. Em um ano sob nova administração, os muitos resultados e novidades na área de diagnóstico in vitro são surpreendentes! A Labtest anuncia que traz para o Brasil a produção inédita de tecnologias de ponta, e por isso entra definitivamente na disputa com multinacionais consolidadas, como Abbott, Siemens, Roche e outras, de um mercado de aproximadamente 19 bilhões de dólares. O fato tem implicações na oferta de inúmeras inovações, como equipamentos e reagentes de última geração para laboratórios de porte médio, uma oportunidade a custo acessível que pode mudar o cenário no país de diagnóstico in vitro de doenças infecto contagiosas, tumores, alterações hormonais, dentre outras condições, de acordo com a Dra. Patricia Donado Vaz de Melo, Project Management Director da LABTEST VIRTUE. “A linha de quimioluminescência (CLIA), na fase 1, compreende 61 produtos entre reagentes e equipamentos. Diversas etapas do projeto já foram concluídas, inclusive a publicação de registro sanitário de vários produtos, pela ANVISA. Adicionalmente, há aqueles que já se encontram na fase de validação da produção, que consiste no escalonamento da capacidade de produção, para então, lançá-los ao mercado.”, completou. 

 

A produção dos primeiros kits em escala da nova linha CLIA aconteceu em 18 de setembro de 2023, trata-se do AFP Reagent Kit Ref. 4007, um produto para detecção quantitativa de alfafetoproteína (AFP), cuja dosagem pode ser utilizada para investigar carcinoma hepatocelular, bem como outros tumores, como o câncer de testículo,  estômago e embrionário. Há ainda dois equipamentos para diferentes portes de laboratórios: um menor, com a capacidade de realizar 120 testes/hora, e outro maior, com capacidade para 240 testes/hora. Esse equipamento menor pode ser incorporado à estrutura de laboratórios de pequeno a médio porte, num custo bem acessível, de acordo com o CEO Alexandre Guimarães. Dentre os reagentes, há testes para diferentes perfis como aqueles para marcadores tumorais (HE4, CA-125, PSA), doenças infecto-contagiosas (HIV, Hepatites, Sífilis), homonais e tireoidianos (β-HCG, Cortisol, TSH, T4) e outros. Os novos projetos abarcam também a expansão da linha de bioquímica.

 

“Esse é um marco importantíssimo, que celebra todo o esforço que vem sendo feito nestes últimos 12 meses para transferir e internalizar aqui na Labtest essa nova tecnologia da Virtue. É inclusive um marco para a indústria de diagnóstico in vitro do Brasil, pois o fato de internalizar a produção envolve todo um processo de aprimoramento de recursos, aprendizado de mão de obra superespecializada, contrução de nova fábrica e abertura de novos mercados, o que eleva o nível da nossa capacidade técnica, equiparando a nossa indústria e pesquisadores aos que detêm essa tecnologia em países desenvolvidos”, explicou Guimarães.

 

EM DOIS MESES, UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO COM O P&D SENDO MULTIPLICADO POR QUATRO, PARA A TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

 

Um grande e empolgante desafio, sintetizou Dra. Patricia Donado Vaz de Melo. Ela contou que em apenas dois meses, o departamento de P&D foi multiplicado por quatro com contratações de especialistas vindos de outras empresas e instituições de pesquisa, como FIOCRUZ, e de universidades de vários estados do país, para dar início ao processo que garantiu que essa transferência de tecnologia acontecesse com enorme sucesso. A Dra ainda esclarece: “Contratamos pessoas com bagagem relacionada a produtos semelhantes, ou seja imunoensaios, porém não quimiluminescentes”. 

 

“Para conseguir entregar no tempo estabelecido, a primeira coisa foi construirmos a nossa equipe. Escolhemos pessoas que gostam de desafios, que gostam de aprender, e que já estavam inseridas na pesquisa, seja em outras empresas, seja no meio acadêmico, mas sempre relacionadas com o desenvolvimento. Nossa equipe conta com biomédicos, biólogos, farmacêuticos, bioquímicos, que tem sua pós-graduação, seus títulos de mestre e doutor em biologia molecular, em ELISA, em imunologia e bioquímica. Formamos um time multidisciplinar, muito capacitado, com grande e rápida capacidade de aprendizado. Tínhamos também a questão do idioma. Para fazer essa transferencia de tecnologia, essas pessoas tinham que ser capazes de dominar o inglês. Muitos dos que contratamos fizeram seu doutorado sanduíche na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Com o time formado, chegou a hora de aprender a nova tecnologia, uma enorme oportunidade para todos nós. É lindo saber que você vai fazer tudo novo, que você é o primeiro no seu país, que você vai revolucionar, é tudo muito empolgante!”, relatou a Dra Patrícia Vaz de Melo.

 

INVESTIMENTO E REPERCUSSÃO NO MERCADO

A fabricação de reagentes de CLIA no país, com transferência de tecnologia de ponta, é uma das maiores novidades no mercado de diagnóstico in vitro, “é uma oportunidade imensa, tanto tecnológica, como comercial”, resumem Guimarães e Vaz de Melo. “Nossa capacidade de competir muda de forma significativa: estamos saindo de um potencial de atendimento de 8% para mais de 50% do mercado, com um portfólio que inclui bioquímica, hematologia, quimioluminescência e biologia molecular”, conta Guimarães.

 

A LINHA CLIA, CARRO-CHEFE DA VIRTUE, AGORA É PRODUZIDA NO BRASIL

 

A aquisição da Labtest pela Virtue já veio com o propósito muito claro de tornar a empresa o polo industrial e comercial do grupo para a América Latina, e a linha CLIA (chemiluminescent immunoassay) foi escolhida como “carro-chefe” nesse processo de transferência de tecnologia.

 

Vaz de Melo explica que a CLIA é uma linha que utiliza a quimioluminescência como revelação para gerar o sinal a ser medido pelo equipamento no laboratório. “As principais vantagens da quimioluminescência residem em sua ampla faixa dinâmica, alta intensidade de sinal e ausência de emissões interferentes – ou seja, elevada especificidade – rápida aquisição do sinal analítico, grau de automação e a estabilidade dos reagentes, o que a tornam flexível, extremamente sensível e acurada em comparação a outros métodos como ELISA. Por exemplo, uma metodologia como a imunocromatografia, que é mais simples, normalmente é usada como triagem. Já a quimioluminescência não é uma triagem, é uma constatação, uma certificação de um resultado com elevada exatidão. Então, esse método traz uma robustez para o resultado do exame. No entanto, por ser mais sensível, não são todos os laboratórios que possuem acesso a esse método, por ser um pouco mais caro e envolver um equipamento avançado, de preço mais elevado”. Vaz de Melo conta que no Brasil, somente os grandes players trabalhavam com essa tecnologia, que são as multinacionais. “Então, quando a LABTEST VIRTUE passa a internalizar, a produzir nacionalmente esse tipo de produto, passa a poder entregar um método mais sensível com menor custo”. 

 

O processo é complexo: Vaz de Melo esclarece que a transferência de tecnologia significa “desenvolver todo um produto, que passa não só pelo líquido que está lá dentro, uma suspensão, mas também seu material de embalagem, seu frasco, sua caixa, rotulagem, equipamento, informações técnicas de rótulo e instruções de uso, etc. A transferência passa ainda, pelo processo de como elaborar e produzir em grande escala. E mais: precisamos conhecer os equipamentos responsáveis pela análise dos testes, porque é uma linha fechada (equipamento e reagente). São dois modelos de analisadores, aprendemos tudo sobre os equipamentos: como utilizar, sua manutenção, como funciona o software, como vamos treinar nossa equipe técnico-científica, distribuidores e clientes. Esse domínio total permite à LABTEST VIRTUE fornecer tecnologia de ponta a custo acessível, além de um suporte rápido e de qualidade técnica excepcional aos laboratórios. Há ainda a possibilidade de treinamento mais aprofundado de equipes totalmente especializadas,  proporcionando mais habilidade ao pós-vendas e à assessoria cientifica no atendimento aos clientes”. Sem dúvida, completa Vaz de Melo, “isso é o que nos dá muita competitividade em relação à outras empresas que são todas multinacionais”.

 

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