Realizada neste mês, a campanha do Fevereiro Laranja visa a conscientização e o alerta sobre a leucemia. Trata-se de um tipo de câncer maligno, que concentra células doentes na medula óssea que, por sua vez, substituem as células sanguíneas saudáveis.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA), em estatística realizada em 2018, apontou uma estimativa de 10.800 pessoas que podem ter leucemia. A incidência entre homens é superior em comparação às mulheres, 5.940 e 4.860, respectivamente. O número de mortes entre o público masculino também é maior, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer, feito pelo mesmo instituto em 2015, com 3.692 homens e 3.145 mulheres. 

Segundo o Datasus, em 2017, foram registradas 831 mortes por leucemia em crianças e adolescentes no país. Em 2019, o INCA mostrou que 12,5 mil novos casos de leucemia poderiam afetar pessoas de 0 a 19 anos. 

Durante muito tempo, a leucemia foi estigmatizada como uma doença incurável, mas o avanço da medicina e o diagnóstico precoce aumentam as chances de cura desse câncer. Diversas pessoas anônimas ou públicas mostraram que é possível superá-la, como é o caso da atriz global Drica Moraes, 50, curada após receber um transplante de medula óssea. 

O objetivo deste artigo da Labtest é informar do que se trata a leucemia, os tipos, fatores de risco e como é possível revertê-la. Acompanhe os próximos tópicos para saber mais.  

Mas, afinal, o que é a Leucemia?

A medula óssea, conhecida como tutano, é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa a cavidade interna dos ossos e contém as células-tronco hematopoéticas, responsáveis pela produção de células sanguíneas, como os glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas. 

A leucemia afeta os leucócitos (glóbulos brancos), que ainda estão imaturos, por meio da mutação genética, transformando-as em células cancerosas. A doença se alastra rapidamente devido à multiplicação celular acelerada e à baixa taxa de morte das células anormais. Dessa maneira, as células cancerosas dão lugar às saudáveis.

A leucemia na medicina é classificada entre aguda e crônica, e a gravidade da doença é diagnosticada pela sua velocidade. Na leucemia aguda, as células doentes são inibidas de fazer qualquer trabalho das células normais, o que faz o número de células leucêmicas crescerem em ritmo acelerado em um pequeno espaço de tempo, e a doença agrava-se rapidamente.

Na leucemia crônica, as células doentes conseguem desempenhar algum trabalho dos glóbulos brancos saudáveis e a doença se agrava gradativamente. Os sintomas, como inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções, começam a aparecer à medida que cresce o número de unidades afetadas. 

Existem 12 tipos de leucemia agrupados com base nos tipos de glóbulos brancos afetados: linfoides (linfoide, linfocítica ou linfoblástica) ou mieloides (mieloide ou mieloblástica). A combinação das duas classificações desencadeia quatro tipos mais comuns de leucemia:

  • Leucemia Linfoide Aguda: afeta células linfoblásticas e se agrava acentuadamente, principalmente em crianças pequenas.
  • Leucemia Mieloide Aguda: afeta as células mieloblásticas e se intensifica grosseiramente em crianças e adultos, mas a incidência cresce com o aumento da idade.
  • Leucemia Linfoide Crônica: afeta as células linfocíticas em que a progressão é lenta e costuma atingir pessoas com mais de 55 anos.
  • Leucemia Mieloide Crônica: afeta as células mieloblásticas em que o desenvolvimento da doença no seu começo é lento e costuma atingir adultos.

Fatores de risco, sinais e sintomas que indicam quando a pessoa está com leucemia

A medicina desconhece todos os motivos que levam as pessoas a desenvolverem a leucemia. A combinação de diversos fatores de risco facilita o processo, entre eles estão a exposição à radiação ionizante (raios-X e gama), assim como determinadas substâncias, como o benzeno presente na gasolina e indústria química, com estudos que comprovam que eles estão vinculados à leucemia aguda.

Outros fatores de risco que podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença, mas que ainda não foram comprovados pela medicina, podem ser o tabagismo, algumas substâncias utilizadas na quimioterapia, exposição ao formaldeído, produção de borracha, doenças hereditárias (síndrome de Down), desordens sanguíneas (síndrome de mielodisplásica), histórico familiar, idade avançada e exposição a agrotóxicos, solventes, diesel, poeiras e infecções pelos vírus da hepatite B e C.

O acúmulo de células defeituosas na medula óssea prejudica a produção de células sanguíneas saudáveis. A diminuição dos glóbulos vermelhos desencadeia uma anemia em que os principais sintomas são fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros. A redução de glóbulos brancos provoca infecções graves ou recorrentes no organismo do paciente em decorrência da baixa imunidade. A queda de plaquetas provoca sangramentos nas gengivas e nariz, além de manchas roxas (equimoses) e/ou pontos roxos (petéquias) na pele.

O paciente diagnosticado com leucemia também pode apresentar outros sinais, como gânglios linfáticos inchados no pescoço e axilas, febre ou suores noturnos, perda de peso, inchaço no baço ou fígado, dores nos ossos, articulações ou cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.

Diagnóstico precoce da leucemia é a melhor prevenção

O diagnóstico precoce da leucemia é a melhor prevenção para impedir o avanço da doença. Ele pode ser realizado por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos em pessoas com suspeita de leucemia, após o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. 

Pacientes que não apresentam sinais, mas que são mais suscetíveis a desenvolverem a doença por causa do histórico familiar, por exemplo, são submetidos a exames periódicos para monitoramento. 

O exame de sangue mais comum solicitado pela equipe médica para confirmação da suspeita de leucemia é o hemograma. Se confirmada, o hemograma apresentará alterações, geralmente, com o aumento do número de leucócitos relacionados ou não à redução de hemácias e plaquetas. Outras análises como de bioquímica e da coagulação são solicitadas e também podem apresentar alterações. 

O exame confirmatório é o de medula óssea denominado mielograma, em que retira-se uma quantidade de sangue do material esponjoso de dentro do osso para análise citológica, citogenética, molecular e imunofenotípica. 

Em último caso, pode ser solicitada a realização da biópsia da medula óssea, em que um pequeno pedaço do osso da bacia é enviado para análise de um patologista. 

Tratamento da leucemia

A detecção da doença na fase inicial fornece melhores resultados com o tratamento, cujo objetivo é levar as células cancerosas ao processo de remissão completa para que a medula óssea volte a produzir células saudáveis.

O tratamento é diferente para cada tipo de leucemia, geralmente, a maioria dos casos consiste na aplicação de quimioterapia e a utilização de diversos quimioterápicos, chamado de poliquimioterapia. 

Os medicamentos, como antivirais, antibióticos, antifúngicos e anti-inflamatórios, são utilizados para reduzir o surgimento de infecções e os efeitos colaterais ocasionados pela quimioterapia.

Outros tipos de tratamento podem ser empregados de acordo com o tipo de leucemia, por exemplo, a terapia alvo-específico com o uso de medicamentos inibidores de proteína tirosina quinase, como o imatinibe, desatinibe e nilotinibe, utilizados para tratar especialmente a Leucemia Mieloide Crônica e impedir a multiplicação das células doentes sem afetar as células saudáveis. Outro exemplo, empregado no tratamento de Leucemia Linfocítica Crônica, é a imunoterapia que pode utilizar anticorpos monoclonais que permitem ao sistema imunológico identificar e atacar as células doentes. 

O transplante de medula óssea é recomendado em alguns casos de leucemia e é complementar aos tratamentos convencionais. O paciente recebe células-tronco de um doador compatível, procedimento chamado de transplante alogênico. Se não tiver uma pessoa próxima compatível, ele pode procurar pelo Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). 

Existem outras duas formas de transplante, quando as células são retiradas do cordão umbilical ou da própria célula-tronco do paciente, o último denominado de transplante autólogo. Nas três maneiras, os pacientes ficam suscetíveis a desenvolverem infecções graves, portanto, faz-se necessária uma série de cuidados.

Para ser um doador voluntário de medula óssea e ajudar pacientes com leucemia, procure pelo hemocentro da sua cidade para fazer o cadastro e exame de sangue. Você só será chamado se aparecer um paciente compatível. Para mais informações, entre no site da Redome.
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