É necessário disseminar mais conhecimento sobre leucemia e a importância de ser um doador de medula óssea. Nos casos mais graves da doença e em pacientes mais jovens, o transplante de medula pode ser a única possibilidade de cura. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, as chances de encontrar um doador compatível fora da família são de uma em 100 mil pessoas.

O que é a medula óssea e qual sua função no organismo?

A medula óssea, conhecida popularmente como tutano, é encontrada no interior dos ossos. Ela contém as células-tronco hematopoéticas, que produzem os componentes do sangue:

  • Hemácias: glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de gases, como o oxigênio e o gás carbônico;
  • Leucócitos: glóbulos brancos;
  • Plaquetas: responsáveis pela coagulação.

Esses componentes estão constantemente sendo renovados, o que faz com que a medula saudável se mantenha sempre em atividade.


Como o transplante de medula óssea atua no tratamento da leucemia?

A leucemia faz com que os glóbulos brancos percam a função de defesa e se reproduzam desordenadamente. Com a multiplicação das células afetadas, a produção de hemácias e plaquetas também é impactada. 

Nesse sentido, o transplante de medula consiste em substituir a medula óssea doente por uma saudável.  Isso é feito por meio de uma preparação prévia; antes de receber a medula saudável, é administrado ao paciente altas doses de receptores quimioterápicos, com o objetivo de eliminar as células doentes. Completada essa fase, é realizado o transplante por meio intravenoso. 

Por volta de duas a quatro semanas após a infusão da medula doadora, as células-tronco se dirigem à medula do paciente e começam produzir novas células sanguíneas saudáveis e maduras, o que significa que ela começou a “funcionar”.

 

Doação de medula óssea

Quando um paciente com leucemia necessita do transplante de medula, primeiramente, verifica-se se há compatibilidade com algum familiar: existe 25% de chances entre irmãos consanguíneos, por exemplo. No entanto, 60% dos pacientes não encontram doadores compatíveis na própria família. 

Caso não exista um familiar com medula compatível à do paciente, é necessário recorrer ao banco de doadores. Como mencionado anteriormente, as chances de compatibilidade com alguém fora da família são pequenas e, por isso, o período de espera para se encontrar um doador compatível é em torno de 3 a 4 meses no banco nacional, ou até 6 meses em bancos internacionais. 

O Brasil possui o terceiro maior banco de dados de doação de medula óssea do mundo, com cerca de 4 milhões de doadores. O Redome (Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) é responsável pela manutenção das informações dos doadores cadastrados, assim como a identificação de possíveis compatibilidades para pacientes brasileiros. 

Quais são os critérios para se tornar um doador?

Para se tornar um doador de medula óssea é preciso:

  • Ter entre 18 e 55 anos de idade;
  • Estar com bom estado de saúde;
  • Não ter doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue (como Hepatites ou HIV);
  • Não apresentar histórico de doença neoplásica (câncer), hematológica, ou autoimune (como lúpus e artrite).

Como se tornar um potencial doador de medula óssea?

Após confirmar que você se enquadra nos critérios acima, procure o hemocentro da sua cidade e apresente o documento oficial de identidade, com foto. Em seguida, deve-se preencher os formulários cadastrais e de consentimento, além de fazer a coleta de 5 mL de sangue. 

Essa coleta é realizada para que sejam feitos testes de tipificação HLA (Antígenos Leucocitários Humanos), essenciais para determinar as características de compatibilidade para o transplante. Esses dados são armazenados no Redome e, em caso de compatibilidade com algum paciente, você será chamado para realizar outros testes. 


Como é o procedimento da doação? Há algum risco?

Para realizar a doação, não há nenhuma exigência de mudança de hábitos, trabalho ou alimentação, apenas confirma-se o estado de saúde com alguns exames. Importante estar atento aos mitos e verdades que envolvem o tema.

A retirada da medula é feita por meio de uma pequena cirurgia, sob efeito de anestesia, em que são feitas múltiplas punções com agulhas especiais no osso posterior à bacia. O volume retirado corresponde a, no máximo, 10% da medula do doador e não causa nenhum dano à saúde do mesmo. Dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador já está inteiramente recuperada. 

Nesse procedimento, o doador é liberado no dia seguinte e pode sentir desconforto local, de leve a moderado, que é controlado com analgésicos de acordo com a prescrição médica. Na primeira semana após o procedimento, já é possível retornar à rotina normalmente. 

Outra possibilidade de coleta é a aférese, em que o doador recebe uma medicação para aumentar a quantidade de células-tronco circulantes no sangue e deve fazer uso da mesma nos cinco dias anteriores ao procedimento. Após esse período, a coleta é feita utilizando a máquina de aférese, que colhe o sangue do doador, separando as células-tronco, e devolve os elementos que não são necessários ao paciente. Nesse caso, não há necessidade de internação ou anestesia. 

A escolha do método de coleta é exclusiva dos médicos, que levam em consideração a situação em que o paciente se encontra. 

Agora que você já sabe mais sobre o assunto, aproveite para se tornar um doador de medula óssea. Salve vidas!

 

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