Para onde vai o resíduo?
13 nov 2018
Empresas e laboratórios de análises clínicas são responsáveis pelos resíduos produzidos e devem seguir a legislação
Resíduos são materiais considerados sem utilidade gerados em diversos processos, inclusive laboratoriais. Por exemplo, embalagens, seringas, restos de amostras, reagentes etc. De acordo com suas características, os resíduos não podem ser enviados a aterros sanitários e tampouco devem ser descartados em lixo comum.
Tanto nas análises clínicas quanto nos processos industriais, os resíduos devem ser classificados como perigosos e não perigosos. Esta classificação é essencial para que os profissionais possam determinar o seu destino. Aqueles que são considerados perigosos apresentam riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Já os não perigosos, apesar da denominação, devem ser descartados e destinados de forma adequada, como por exemplo, por meio da reciclagem, disposição em aterro sanitário, dentre outras possibilidades.
A caracterização do tipo de resíduo produzido em um laboratório, seja ele sólido ou líquido (efluente), é feita por meio da análise dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos das amostras coletadas, além da avaliação dos riscos envolvidos. Segundo Berta Nunes, especialista em Processos e Qualidade do Produto da Labtest, a análise dessas características é o primeiro passo para a definição da necessidade de realização de tratamento prévio e, posteriormente, a forma de descarte do resíduo.
“Alguns dos resíduos mais comuns em um laboratório de análises clínicas são os objetos perfurocortantes e materiais biológicos. Há também os efluentes, resíduos em estado líquido, que devem ter seu descarte conforme definido nas normas ambientais locais. O segundo passo é a definição do tipo de destinação final do resíduo, como por exemplo, incineração”, explica.
O terceiro e último passo consiste no descarte e tratamento dos resíduos que deve ser realizado considerando as legislações e diretrizes específicas. Gabriela Figueiredo, responsável pela área de Gestão Ambiental da Labtest, explica que há legislações e normas que regulamentam o gerenciamento de resíduos nos níveis Federal, Estadual e Municipal. “A RDC Nº 222/2018 da Anvisa, por exemplo, é a uma Resolução que define as diretrizes para o gerenciamento dos resíduos específicos dos serviços de saúde. Entretanto, Estados e Municípios, podem ter sua legislação mais restritiva do que a legislação nacional e isso deve ser observado pelos laboratórios”, esclarece.
Na indústria de produtos para diagnóstico in vitro, como a Labtest, há geração de resíduos sólidos e líquidos durante os processos de desenvolvimento e fabricação, seja de reagentes ou equipamentos. Por isso, é extremamente importante que toda a equipe envolvida nestes processos seja treinada para que a gestão dos resíduos seja feita de maneira segura e adequada.
Segundo Gabriela Figueiredo, “os resíduos sólidos são segregados e descartados nas áreas geradoras em coletores específicos, os quais são identificados com cores e dizeres padronizados, conforme definido na Resolução CONAMA 275/2001. Os resíduos são coletados nas áreas e armazenados em local apropriado na área externa da empresa, até a coleta para disposição final, que poderá ser a incineração, tratamento em aterros industriais, aterro sanitário ou reciclagem, conforme o tipo de resíduo.
“A Labtest prioriza o envio dos resíduos para a reciclagem sempre que possível, contribuindo para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e para o reaproveitamento dos materiais, que se transformam em insumos para processos produtivos de outros segmentos. Também mantém contrato com uma empresa de incineração para o descarte de resíduos perigosos, garantindo que a disposição final ocorra de forma segura”, detalha Gabriela.
No caso dos resíduos líquidos, a Labtest estabeleceu um contrato específico com a Copasa, concessionária de água e esgotos de Minas Gerais, a qual faz o tratamento e destinação final deste tipo de resíduo. Gabriela Figueiredo conta que existe uma rede de coleta de efluente que deve ser monitorado regularmente. O monitoramento se dá por meio da análise físico-química e microbiológica das amostras segundo os parâmetros definidos pela Copasa, garantindo assim o recebimento e tratamento do efluente nas condições estabelecidas. Caso o resultado da análise das amostras esteja fora dos limites definidos em norma, é feito um estudo envolvendo as áreas produtivas e ambiental, com o objetivo de diagnosticar a causa do problema e tomar as ações necessárias.
Gabriela também explica que, em alguns casos, o efluente possui características que o impede de ser lançado na rede de esgoto. Nesses casos, eles são recolhidos em recipientes próprios e enviados para incineração junto com os outros resíduos.
“A definição dos procedimentos internos relacionados ao gerenciamento de resíduos, bem como a escolha dos fornecedores que farão parte deste processo devem ser feitas de forma responsável e seguindo a legislação vigente. Todos os atores envolvidos no ciclo de vida dos produtos sejam fabricantes, distribuidores, comerciantes e usuários são responsáveis pelos resíduos desde o momento da sua geração até a disposição final, garantindo assim a segurança de todos os envolvidos e a preservação do meio ambiente”, complementa.