Neste mês, a campanha do Fevereiro Laranja é dedicada à conscientização sobre a leucemia. Em 2023, a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) definiu como tema “Quebrando tabus”, com o objetivo de desmistificar informações incorretas sobre a doença. 

Confira o que de fato é verdade sobre esse tipo de câncer e como você pode ajudar no tratamento dos pacientes. 

 

O que é a leucemia? 

A leucemia é um câncer que afeta os glóbulos brancos, células de defesa do nosso corpo, presentes no sangue. Essa condição ataca a medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas, e podem prejudicar a produção das saudáveis, diminuindo a quantidade destas.  

A doença pode se manifestar de forma aguda ou crônica. Na aguda, as células não conseguem desempenhar suas funções, permitindo um crescimento acelerado das células leucêmicas, e a condição se desenvolve rapidamente. Na forma crônica, as células doentes conseguem simular algumas funções dos glóbulos brancos, tendo um desenvolvimento gradativo da doença.  

Além dessa divisão, existem 12 tipos de leucemia classificados com base no tipo de glóbulos brancos afetados – linfoides ou mieloides. Dentre todos, se destacam quatro subtipos:

  • Leucemia mieloide aguda (LMA): uma mutação nas células-tronco mieloides faz com que fiquem no estágio anterior ao amadurecimento, os blastos. Estes se multiplicam de forma descontrolada, atrapalhando o desenvolvimento de células saudáveis na medula óssea. O paciente costuma apresentar anemia, sangramentos e infecções. 
  • Leucemia mieloide crônica (LMC): há uma superprodução de glóbulos brancos e a condição se desenvolve mais lentamente. Além dos sintomas da forma aguda, o paciente também pode sentir fadiga e, em alguns casos, pode não apresentar nenhum sinal. 
  • Leucemia linfoide aguda (LLA): é o tipo mais comum durante a infância, em que uma mutação impede o amadurecimento das células. Os linfoblastos se multiplicam continuamente, enquanto as células saudáveis não conseguem realizar esse processo e morrem. Há um acúmulo de linfoblastos que não funcionam e poucas células sanguíneas maduras. 
  • Leucemia linfoide crônica (LLC): costuma afetar pessoas com mais de 50 anos e, diferentemente dos outros tipos, é adquirido, embora não se saiba ao certo a razão do surgimento. Mesmo com o crescimento exacerbado de linfócitos B, a produção de células saudáveis continua normalmente, por isso, o paciente não costuma ter sintomas e, em alguns casos, pode não precisar de tratamento. 

 

Desmistificando 3 tabus sobre a leucemia

O tema da campanha deste ano para o Fevereiro Laranja visa conscientizar a população sobre estigmas relacionados à leucemia e quebrar noções preconcebidas que não condizem com a realidade de quem convive com a doença. 

 

O paciente precisa ficar isolado por que a leucemia é transmissível? 

Uma ideia errônea sobre a leucemia é de que é possível se contaminar tendo contato direto com o paciente, mas essa não é uma doença transmissível. Ela acontece por conta de uma mutação nas células do indivíduo. 

O paciente precisa de isolamento porque a leucemia o deixa mais propenso a adquirir infecções. Em especial durante o tratamento, é importante que o indivíduo com leucemia fique isolado por estar com a imunidade comprometida.

 

É uma doença sem cura? 

Esse é um dos equívocos em relação à leucemia: a doença não é uma sentença de morte. O tratamento irá se diferenciar de acordo com o subtipo e é um processo árduo, mas, atualmente, a chance de cura é de até 80% quando se tem o diagnóstico precoce

Por isso, é de extrema importância reconhecer os sinais da leucemia para que o tratamento seja mais efetivo. O paciente pode apresentar os seguintes sintomas:

  • Anemia
  • Fraqueza e fadiga
  • Sangramentos nasais e nas gengiva
  • Gânglios aumentados
  • Infecções recorrentes 
  • Dores nas articulações e nos ossos
  • Falta de apetite e perda de peso repentina

 

A anemia evolui para leucemia?

Apesar de ser um dos sintomas da leucemia, a anemia não evolui ou causa a doença em todos os casos. Essa condição anêmica pode ter diferentes origens, sendo a mais comum a deficiência de ferro, que pode ser facilmente detectada e solucionada com suplementação vitamínica

Mulheres em idade reprodutiva, gestantes e lactantes costumam ser mais afetadas pela anemia, mas homens em todas as fases da vida também podem ser acometidos pela doença. 

 

Diagnóstico e tratamento 

A leucemia é diagnosticada por meio do hemograma, que apresenta como alteração o número reduzido de leucócitos, associado ou não à redução das hemácias e plaquetas. O exame confirmatório é o de medula óssea, chamado de mielograma, em que é retirada uma pequena quantidade de sangue proveniente do material esponjoso do interior dos ossos. 

O tratamento é iniciado com quimioterapia, com a possibilidade de uso de mais de um medicamento (poliquimioterapia) para destruir as células doentes. Concomitantemente, são utilizadas medicações de suporte para minimizar os efeitos colaterais e evitar infecções

A terapia-alvo é uma das possíveis etapas seguintes que tem apresentado bons resultados. Tratam-se de medicamentos inibidores de proteína tirosina quinase, utilizados para tratar a LMC, impedindo a multiplicação de células doentes sem afetar células saudáveis. Também é possível tratar a LLC com uma terapia semelhante, com anticorpos monoclonais que permitem ao sistema imunológico identificar e atacar as células doentes

O transplante de medula óssea é indicado em alguns casos de leucemia aguda, após a quimioterapia. O paciente recebe células-tronco formadoras do sangue de um doador compatível, processo denominado transplante alogênico. 

Caso não haja um doador compatível entre os familiares do paciente, é necessário recorrer ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Mesmo que o Brasil tenha um dos maiores bancos de medula do mundo, a chance de encontrar um doador não-parental compatível é de 1 em 11 mil

Para se tornar um doador de medula óssea, basta procurar o hemocentro do seu município para fazer o seu cadastro e uma coleta de sangue. Confira no site do Redome a lista de hemocentros e os requisitos para se tornar um doador!

 

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