Os cigarros eletrônicos, também chamados de vapes, pen-drives ou canetas, pelo formato que são comercializados, são, basicamente, dispositivos à bateria com a adição de líquido de nicotina concentrada e substâncias solventes e aromatizadas. Entretanto, os efeitos não são nada simplistas e provocam consequências que a curto prazo podem se manifestar e prejudicar a saúde do usuário.


Desde já, é fundamental acabar com o mito de que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais. Isso porque a nicotina presente em sua composiçãoe que também é o principal elemento viciante dos cigarros comuns – está entre os causadores de problemas cardiovasculares, cânceres e aumento da pressão arterial.

 

A maior surpresa que envolve os cigarros eletrônicos, é que, no Brasil, o tabagismo foi reduzido significativamente, resultado do trabalho árduo dos órgãos de saúde e meios de comunicação para que isso fosse realizado, principalmente na população mais jovem. Porém, com a chegada dos vaporizadores, os registros de aumento entre adolescentes e jovens não para de crescer, e com eles os casos de problemas respiratórios.

 

Ou seja, a política de estado implantada em 1970 e que gerou bons resultados, está ameaçada pelo mesmo problema: os graves riscos e problemas promovidos pela nicotina. Por isso, no Dia Nacional do Combate ao Fumo, 29 de agosto, reunimos informações e alertas importantes sobre o tema.  

 

Cigarro eletrônico x cigarro comum

 

Primeiramente, destacamos que a comercialização dos cigarros eletrônicos é proibida no país e que recentemente a lei foi discutida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Além de ter a proibição como unanimidade, a importação e propaganda também são vetadas. Para que a decisão fosse tomada, discutiu-se os impactos à saúde, níveis de toxicidade e o posicionamento de organizações internacionais de saúde.

 

As regras contra o cigarro eletrônico

 

A realidade é que a regra que direciona a proibição dos cigarros eletrônicos já estava em vigor desde 2009, mas com o crescimento do consumo nos últimos anos e os pedidos de flexibilização, o assunto foi colocado novamente em pauta. Nesse sentido, além do veto da venda e produção de materiais publicitários, a ANVISA também discute ações de monitoramento e fiscalização, a reforma da legislação atual e sua abertura para a consulta pública

 

Esse direcionamento, que faz parte da Resolução de Diretoria Colegiada 46/2009, abrange todo território nacional e tem perspectivas de ser discutido em breve pelo Poder Legislativo.  E, não é só o Brasil que está promovendo ações para diminuir o consumo dos cigarros eletrônicos. De acordo com dados da OMS, pelo menos 30 outras nações não permitem o uso do produto.

 

Quais as diferenças entre os cigarros comuns e os cigarros eletrônicos? 

 

Ambos os tipos são compostos de nicotina e, portanto, são igualmente viciantes. Com tudo, os aditivos presentes em cada um deles promovem o aumento do índice de aceitação. 

 

Dados de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) apontam que 13,6% dos estudantes de 13 a 15 anos já experimentaram o cigarro eletrônico, percentual que aumenta para 22,7% quando a idade está entre 16 e 17 anos

 

Mas, por que são incorporados com maior facilidade? Devido às essências, sabores e aromas incluídos da indústria alimentícia. Comparado ao cigarro normal que contém nicotina e mais de 4 mil substâncias potencialmente cancerígenas, o modelo “moderno” leva nicotina, solventes como água e glicerina, aromatizadores, bateria para aquecer e transformar o líquido em vapor, podendo desprender partículas de metal no organismo. 

 

Em geral, o aroma e sabor diferentes são só um disfarce para os males gerados por um mesmo problema. 

Consequências 

 

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo e a exposição passiva são os maiores problemas e mais de 30 mil novos casos de cânceres de pulmão são esperados este ano, acometendo mais homens que mulheres. 

 

Apesar de o câncer de pulmão ser o mais relacionado ao tabagismo, fumar aumenta o risco de desenvolvimento de uma série de outros tipos da doença, entre elas: 

 

  • leucemia mielóide aguda 
  • câncer de bexiga
  • câncer de pâncreas
  • câncer de fígado 
  • câncer de colo do útero 
  • câncer de esôfago 
  • câncer de rim e ureter 
  • câncer da laringe 
  • câncer da cavidade bucal
  • câncer de estômago 
  • câncer de cólon e reto 
  • câncer de traqueia 
  • câncer nos brônquios 

 

Por que combater o cigarro eletrônico e o comum?

O Dia Nacional do Combate ao Fumo, datado em 1986, pela Lei Federal 7.488, surge para reforçar ações de sensibilização e mobilização quanto aos danos físicos, mentais e sociais causados pelo tabagismo.

 

O tabagismo é considerado atualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a principal causa-morte evitável, que provoca mais de 8 milhões de mortes por ano – sendo sete milhões pelo uso direto do cigarro e cerca de 1,2 milhão são pessoas expostas ao fumo passivo.

 

As doenças associadas à nicotina são consideradas crônicas e estão categorizadas no grupo de transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento, ocasionando mais dependência que uma série de outras drogas. 

 

Por isso, os cigarros eletrônicos representam os velhos problemas com uma nova roupagem. Exigindo dos especialistas da área da saúde e de políticas públicas ações de conscientização, cuidado e controle. 

 

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