Coqueluche: o aumento de casos e a importância do diagnóstico precoce
23 jan 2025
A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, voltou a ser motivo de preocupação no Brasil e em outros países devido ao aumento expressivo de casos nos últimos anos.
Segundo dados recentes, os registros da doença cresceram mais de 1.000% em 2024 no Brasil, alcançando o maior patamar desde 2015. Este cenário reforça a necessidade de conscientização sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento.
O que é a coqueluche?
A coqueluche é uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Altamente contagiosa, ela afeta o sistema respiratório, provocando crises intensas de tosse que podem durar semanas.
A doença é particularmente perigosa para bebês menores de seis meses, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Os sintomas iniciais são similares aos de um resfriado comum, incluindo febre baixa, coriza e tosse leve. No entanto, com o avançar do quadro, a tosse se torna persistente e pode levar a vômitos, exaustão e dificuldade para respirar. Em casos mais graves, podem ocorrer complicações como pneumonia, convulsões e danos cerebrais, especialmente em crianças pequenas.
Por que os casos estão aumentando?
Entre os fatores que explicam o aumento de casos estão:
- Baixa cobertura vacinal: a vacina contra a coqueluche faz parte do Calendário Nacional de Imunização, mas a adesão tem diminuído nos últimos anos devido à desinformação, ao movimento antivacina e ao impacto da pandemia de Covid-19 na rotina de imunizações. Isso tem criado lacunas na imunidade coletiva, facilitando surtos da doença.
- Diagnósticos subnotificados: a semelhança dos sintomas iniciais com outras doenças respiratórias dificulta o diagnóstico precoce, retardando o tratamento e aumentando a transmissão. Muitas vezes, casos leves não são diagnosticados, o que contribui para a disseminação.
- Ciclos epidemiológicos: a coqueluche apresenta picos recorrentes de incidência a cada três a cinco anos, agravados por condições socioeconômicas e sanitárias. Estes ciclos são comuns em doenças infecciosas e são intensificados pela baixa adesão à vacinação.
- Imunidade decrescente: estudos mostram que a imunidade conferida pela vacina não é permanente, diminuindo com o tempo. Por isso, é fundamental a aplicação de doses de reforço.
Prevenção e tratamento da coqueluche
A vacina é a forma mais eficaz de prevenção. No Brasil, ela é oferecida gratuitamente pelo SUS em doses previstas para bebês, crianças e gestantes, além de reforços específicos. A imunização de gestantes é fundamental para proteger os recém-nascidos nos primeiros meses de vida, quando eles ainda não podem ser vacinados diretamente.
O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos, como a azitromicina e a eritromicina, que ajudam a reduzir a transmissão e a severidade dos sintomas. Em casos graves, pode ser necessária a hospitalização para suporte respiratório e hidratação intravenosa.
Também é importante isolar os casos confirmados para evitar a disseminação da doença, especialmente em ambientes escolares ou domiciliares com crianças pequenas.
Diagnóstico precoce: um aliado fundamental
A precisão no diagnóstico é essencial para conter a propagação da doença e iniciar o tratamento adequado.
Laboratórios de análises clínicas desempenham um papel vital nesse processo, oferecendo testes que identificam a presença da Bordetella pertussis e auxiliam na confirmação do diagnóstico clínico.
Entre os métodos diagnósticos disponíveis estão:
- Cultura bacteriana: considerado o padrão-ouro, mas pode demorar para fornecer resultados.
- PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): Altamente sensível, detecta o DNA da bactéria.
- Testes sorológicos: avaliam a presença de anticorpos, sendo úteis em casos mais avançados.
Além do reforço na vacinação, é fundamental promover campanhas educativas para informar a população sobre os sintomas da coqueluche, sua gravidade e as medidas de prevenção. A conscientização é uma ferramenta poderosa para evitar que o número de casos continue crescendo.
Em suma, o aumento de casos de coqueluche é um alerta importante para a sociedade e os profissionais de saúde. A combinação de vacinas, diagnóstico precoce e tratamento adequado é fundamental para conter o avanço da doença e proteger as populações mais vulneráveis.
Mas, juntos, podemos enfrentar este desafio e garantir um futuro mais saudável para todos.