Dia Nacional da Vacinação e o perigo das fake news
18 out 2019
No dia 17 de outubro, comemora-se o Dia Nacional da Vacinação. A data foi criada para alertar a população sobre sua importância na prevenção de doenças. Porém, este ano, a conscientização a respeito das vacinas ganha novos contornos. Isso porque doenças que até então tinham sido erradicadas em território nacional voltaram a se manifestar devido à falta de vacinação. Só em 2019, por exemplo, foram confirmados 5.404 novos casos de sarampo no Brasil.
“Muitas doenças que eram comuns no Brasil deixaram de ser um problema de saúde pública devido à vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são exemplos de doenças comuns no passado que as novas gerações só conhecem através de histórias. Nos Estados Unidos, após a era das vacinas, houve redução de 100% da mortalidade em relação a doenças como difteria e poliomielite, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention – CDC. Atualmente, diversos países têm registrado o retorno de doenças, que seriam preveníeis com vacinação. Estamos vivendo um surto de sarampo no Brasil. Ainda este ano, a Argentina e o Chile apresentaram casos confirmados de Rubéola, que corre o risco de ser reintroduzido na Região das Américas. Já a preocupação com a poliomielite se dá porque houve registro da doença na Venezuela e a circulação do vírus em 23 países nos últimos três anos. Todas essas doenças são imunopreveníveis cujas vacinas constam no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica Graciane Fonseca, pesquisadora do CDICT, da Labtest.
O perigo das notícias falsas
De acordo com o Ministério da Saúde, o principal motivo da reemergência dessas doenças é a falta de informação. Apesar dos números inegáveis que demonstram a eficácia e a importância da vacina, a resistência à vacinação fomenta um movimento perigoso que pode trazer de volta doenças e todas as suas consequências de morbimortalidade. Em tempos de excesso de informações e superficialidade dos conteúdos, a difusão de informações falsas e sem baseamento científico (Fake News) a respeito da segurança das vacinas, de seus efeitos colaterais ou mesmo da não suscetibilidade às doenças nas redes sociais contribuem com a decisão de não vacinar.
Outro fator que justifica a diminuição da cobertura vacinal no país, segundo a pesquisadora, é uma falsa sensação de segurança. Ela explica que, o sucesso das ações de imunização, que resultaram na eliminação da poliomielite, sarampo e rubéola no Brasil, parte da população e até alguns profissionais de saúde têm a falsa sensação que não há mais necessidade de se vacinar. “Por isso, é necessário desmistificar a ideia de que a vacinação traz malefícios ou não é mais importante. Os pequenos efeitos adversos das vacinas são substancialmente menores que os malefícios trazidos pelas doenças” comenta.
Como funcionam as vacinas?
A pesquisadora da Labtest explica que as vacinas servem para estimular o sistema imunológico. Elas são compostas por parte de vírus e bactérias ou por uma versão enfraquecida desses micro-organismos. “Quando uma esses vírus ou bactérias, mesmo enfraquecidos, infectam uma pessoa pela primeira vez, eles induzem o sistema imunológico a produzir anticorpos. Os anticorpos são proteínas que atuam como defensoras no organismo. Assim, quando contraímos a versão nociva do vírus ou da bactéria, nosso corpo já está protegido pelos anticorpos. Essa proteção é chama de imunidade”, detalha.
Por isso, os anticorpos também são marcadores da presença de vírus e bactérias no nosso organismo. Anticorpos da classe IgM usualmente determinam contato recente com os invasores (determinam a fase aguda da doença), enquanto anticorpos da classe IgG usualmente são responsáveis por marcar a fase crônica e/ou a imunidade. Ou seja, para saber se estamos imunizados ou se contraímos determinada doença, mede-se a quantidade de anticorpos presentes no sangue.
Vacinação para todos
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado há 46 anos com o intuito de coordenar as ações de imunização no Brasil, e já em 1977 publicou o primeiro Calendário Nacional de Vacinação. Desde 2004, os calendários de vacinação são divididos por ciclo de vida: calendário da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. Como as ações do PNI são desenvolvidas no SUS, o programa viabiliza a vacinação para todos os brasileiros, e por isso é considerado referência em todo o mundo. “Atualmente, o SUS oferta gratuitamente 19 vacinas que protegem contra mais de 40 doenças. Basta ir ao posto de saúde mais próximo à sua casa e pedir para atualizar o Calendário Nacional de Vacinação” explica a pesquisadora.
O sucesso do PNI contribuiu de maneira fundamental para a erradicação de doenças, graças ao seu alto índice de cobertura vacinal. Contudo, nos dois últimos anos (2017 e 2018) os índices das principais vacinas ofertadas pelo SUS têm registrado queda e, com a ameaça das doenças até então erradicadas, o Ministério da Saúde lançou o “Movimento Vacina Brasil“, que visa reverter a situação.
O Movimento prevê a execução de ações coordenadas para aumentar a cobertura vacinal dessas doenças para níveis aceitáveis. Uma dessas ações é a “Estratégia Nacional de Eliminação do Sarampo” que conta com 2 fases em 2019: a Primeira Etapa, cujo objetivo é vacinar crianças de 6 meses a 5 anos de idade entre 7 e 25 de outubro, e a Segunda Etapa, que vacinará adultos de 20 a 29 anos de 18 a 30 de novembro. O objetivo é interromper a transmissão do sarampo, eliminar a circulação do vírus e garantir altas coberturas vacinais que protegerão a população de nova reintrodução dos vírus sarampo e rubéola, presentes na vacina.
Visando conter a disseminação de notícias falsas, o Ministério da Saúde criou, também, o “Canal Saúde sem Fake News“. Trata-se de um número de Whatsapp criado para o envio de mensagens da população. Por meio dele, o usuário pode enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais. A equipe técnica fica, então, responsável por apurar e responder ao usuário se aquela informação é correta ou não. O número é: (61) 99289-4640. A pesquisadora Graciane Fonseca reforça: “Não deixe de checar se a informação sobre saúde que você recebeu é verdadeira ou se trata de uma Fake News antes de continuar compartilhando!”
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