O diagnóstico laboratorial é e sempre foi um dos principais auxiliares em decisões médicas e seus achados influenciam diretamente na conduta clínica. No decorrer da história, o progresso científico e a evolução tecnológica resultaram em novos métodos e recursos que tornaram os laboratórios mais produtivos, com processos cada vez mais seguros e confiáveis. O melhor exemplo dessa transformação é a automação laboratorial. Abordamos esse assunto no artigo: Conheça as Vantagens do Sistema de Automação Laboratorial. Além de diminuir a possibilidade de erros humanos na manipulação das amostras e consequentemente nos resultados, a automação também dá ao laboratório a agilidade necessária em situações emergenciais, quando o tempo entre a chegada do paciente e a obtenção dos resultados é crucial para a garantia do diagnóstico clínico e das evoluções corretas. Nesse aspecto, podemos citar os chamados testes POC (Point of Care) ou POCT (Point of Care Testing), que podem ser utilizados dentro e fora do ambiente laboratorial, garantindo agilidade e precisão quando cada minuto conta.

POC/POCT: aliados no rápido diagnóstico

O uso dos testes POC ou POCT é uma realidade. O conceito POCT surgiu nos anos 50 e os testes começaram a ser utilizados primeiramente nos Estados Unidos, mas foi na última década que eles viraram realmente tendência. A RDC 302/2005 (sobre Regulamento Técnico para o funcionamento de laboratórios clínicos) e RDC 7/2010 (sobre requisitos para Unidades de Terapia Intensiva) dispõem o POCT como Teste Laboratorial Remoto (TLR), e explicam que este é realizado por meio de um equipamento laboratorial que pode estar situado fisicamente fora da área de um laboratório clínico, sendo também conhecido como Teste Laboratorial Portátil (TLP). Na RDC 36/2015, temos que o POCT é a testagem conduzida próxima ao local de cuidado ao paciente, inclusive em locais fora da área técnica de um laboratório, por profissionais de saúde ou pessoal capacitado pelo Ministério da Saúde e/ou Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais.

Em suma, entendem-se como testes Point of Care (ou POCTs) os testes para diagnósticos in vitro realizados de forma rápida, com baixa complexidade e, ainda, de fácil interpretação para uso em triagem, diagnóstico e monitoramento de pacientes. Quando necessitam equipamentos, estes seguem as mesmas características dos testes, sendo o manuseio simples, intuitivo e amigável ao usuário, muitas vezes portátil. 

Além de auxiliarem nos resultados rápidos, os testes POC podem ser realizados não só no ambiente clínico, como também fora dele, graças aos tamanhos reduzidos e pela necessidade de apenas uma pequena amostra do paciente (que pode ser por swab nasal, por saliva ou uma simples gota de sangue extraída da ponta do dedo). Isso simplifica a coleta e o processo analítico, bem como ajuda na melhora do manejo clínico, permitindo a redução de prescrições inadequadas de medicamentos.

Para Fernando Mesquita, gerente de novos negócios da Labtest, “com o avanço da tecnologia, temos resultados cada vez mais exatos e precisos para o POCT, e sua procura e utilização estão em franca expansão devido a crescente necessidade de resultados com maior rapidez em analitos de alta criticidade, como marcadores cardíacos, inflamatórios ou gases sanguíneos, por exemplo, para a rápida tomada de decisões. Sua aplicação é tão diversa e simplificada que estudos apontam que o POCT é o futuro dos testes laboratoriais, e graças à sua capacidade de descentralização ele pode facilmente extrapolar os limites hospitalares para serem encontrados em ambulâncias, farmácias, consultórios médicos e, até mesmo, auxiliando diariamente dentro do conforto de casa com simples instruções aos pacientes que o utilizarão, diminuindo o estresse e custos de idas e vindas ao laboratório clínico, otimizando o tempo e garantindo maior satisfação de todos os envolvidos (laboratório, clínico e paciente).”

Marcadores cardíacos e sua importância no diagnóstico

As doenças cardiovasculares, principalmente o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), representam um expressivo problema para a saúde pública no país. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta as doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação como principais causas de morte no Brasil, sendo responsáveis por mais de 30% dos óbitos registrados. Engana-se quem acredita que doenças cardiovasculares estejam relacionadas somente à população idosa, segundo o Ministério da Saúde, desde 2013 houve no Brasil um aumento de 13% no número de infarto entre adultos com até 30 anos de idade, abordamos esse assunto no artigo: Infarto Agudo do Miocárdio na População Jovem

Diante de doenças fatais e números tão alarmantes, empregar formas ágeis e precisas para o diagnóstico pode salvar inúmeras vidas. O conjunto de exames realizados em pacientes com  sintoma de dor torácica e suspeita de IAM é identificado como perfil cardíaco ou marcadores cardíacos.

Os marcadores cardíacos são macromoléculas que auxiliam no diagnóstico de inúmeras doenças cardíacas. Alguns exemplos desses marcadores são a enzima creatina quinase e sua fração MB (CK e CK-MB), troponinas, hormônio peptídeo natriurético cerebral (BNP), proteína C-reativa (PCR)  e mioglobina. A pesquisadora Rosimeire Resende dos Santos – do Centro de Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia da Labtest (CDICT) – explica a função de cada um destes marcadores, e inclui nessa lista o Dímero-D, marcador importante como diagnóstico de exclusão e que tem tido cada vez mais relevância ultimamente:

  • A CK possui duas subunidades B e M (Brain e Muscle, respectivamente) e é frequentemente utilizada no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM). Normalmente, dentro de 4 a 8 horas após o IAM há um aumento de CK-MB, atingindo concentrações elevadas entre 12 e 24 horas e retornando para concentrações normais em aproximadamente 3 dias. As concentrações sanguíneas de CK-MB também podem estar elevadas devido ao dano muscular agudo ou crônico, causado por cansaço por esforço físico e traumas intensos.
  • A troponina I, juntamente com a troponina C e troponina T, desempenham um papel fundamental na regulação de contração muscular. Troponina I  é atualmente um dos marcadores mais sensíveis e específicos do IAM. Níveis elevados de troponina I são detectáveis em 4 a 6 horas após o início da dor no peito, enquanto as concentrações máximas ocorrem cerca de 8 a 28 horas e permanecem elevadas por 3 a 10 dias após o IAM.
  • A mioglobina é uma proteína semelhante à hemoglobina, responsável por realizar o transporte intracelular de oxigênio. As concentrações de mioglobina no sangue podem estar elevadas, devido a várias condições que causam danos musculares. Por exemplo, trauma, isquemia, cirurgia, cansaço devido ao esforço físico e algumas doenças musculares degenerativas. Além disso, é o marcador cardíaco precoce do  IAM.
  • O nível elevado de BNP é descrito em pacientes com diferentes doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, disfunção ventricular esquerda, angina instável e IAM. 
  • A PCR é uma proteína sintetizada pelo fígado durante a lesão do tecido, inflamação reumática e outras inflamações e infecções. E estudos recentes mostraram que especialmente a PCR ultrassensível (PCR-us) pode ser um indicador do risco de doenças cardiovasculares em pessoas aparentemente saudáveis.
  • Atualmente muito utilizado em situações emergenciais, temos ainda o Dímero-D, que é um produto de degradação de fibrina solúvel liberado quando a fibrina reticulada é degradada pela plasmina,sendo ummarcador de coagulação. A determinação de dímero-D na sala de emergência durante a dor torácica é útil como diagnóstico diferencial quando há a suspeita de trombose venosa profunda, embolia pulmonar ou coagulação intravascular disseminada.

Neste contexto, a associação destes marcadores com a automação do Point of Care oferece diversos benefícios, especialmente quando falamos em redução de tempo para obtenção de resultados, devido à portabilidade dos equipamentos. Isso permite o início mais rápido do tratamento adequado e o monitoramento regular da doença que ajudam a reduzir a possibilidade de complicações.

Logo, o sistema Point of Care para dosagem de biomarcadores, entre eles o perfil cardíaco, é muito importante no atendimento de urgência e emergência, e a Labtest disponibiliza atualmente, em seu portfólio, o  SelexOn, seu primeiro sistema Point of Care para determinação quantitativa de marcadores cardíacos.

SelexOn: duas aplicações em um único produto

O sistema Selexon é composto pelo analisador e por tiras multi parâmetros, que estão disponíveis em caixas contendo 20 unidades e, para os analitos CK-MB, dímero-D, mioglobina, PCR-us, BNP e troponina I. O sistema SelexOn também possui acessórios opcionais, como impressora térmica, leitor de código de barras, bateria (8.4V /4400mAh) e cabo de dados.

O método utilizado no sistema SelexOn é a imunocromatografia. Com a adição do sangue total na tira, surge uma linha vermelha na linha teste devido à reação entre o antígeno presente na amostra e o anticorpo impregnado na membrana da tira. Posteriormente, a intensidade da linha formada é visualizada por uma câmera interna e, em seguida, o resultado quantitativo é gerado por meio da interpretação da imagem capturada.

O SelexOn armazena até 1.000 resultados e opera em dois modos. No modo Teste em Paciente, a tira é inserida no analisador, em seguida o sangue é aplicado na tira e o resultado é mostrado após 10 minutos. Já no modo Teste Rápido, os testes são preparados fora do analisador, com cada tira sendo inserida no analisador após 10 minutos de reação, possibilitando resultados em 5 segundos e a realização de até 100 testes por hora.

O sistema utiliza amostras de sangue total (EDTA), que dispensam o uso da etapa de centrifugação das amostras. Os volumes utilizados variam de 10 a 250 µL de acordo com o tipo de biomarcador  ou tipo de tira. Entre as vantagens do SelexOn destacamos o sistema de reconhecimento de informações por meio de RFID, feito apenas uma vez por caixa, e que permite a integração e leitura automática das informações das tiras, dispensando o uso de chips ou acessórios extras. 

Conheça mais sobre o sistema SelexOn acessando a página de Point of Care, no site Labtest. 

Para novas informações, entre em contato no Fale Conosco e não deixe de assinar a nossa newsletter.