A determinação de creatinina nas práticas clínicas não é algo novo – já são mais de 100 anos do processo. Mas os debates relacionados à precisão nos métodos para fazê-la continuam a fomentar pesquisas globalmente. Nesse momento, o mundo laboratorial busca uma padronização internacional dos métodos de determinação da creatinina, além de promover a introdução de fórmulas baseadas na medida da eTFG (Taxa de Filtração Glomerular Estimada), as quais são mais apropriadas para a metodologia padronizada, o chamado método “padrão ouro”.

A importância de uma padronização nas medições da creatinina sérica através da eTFG é o que os centros de pesquisa mais avançados vêm tentando reforçar aos laboratórios clínicos e toda a comunidade envolvida. Para eles, esse é um passo vital para a política pública de saúde mundial, que vai avançar nos diagnósticos e tratamentos de doenças crônicas dos rins. Independentemente do método usado pelo laboratório na determinação, a padronização é a melhor iniciativa para atingir a comparabilidade necessária em resultados de medição bioquímica.

Considerando um processo que lida com possíveis imprecisões como é o caso da determinação da creatinina, a não padronização adiciona variáveis desnecessárias nas predições matemáticas. Isso pode levar a cenários como de diagnósticos incorretos de doença renal e ajustes inadequados da dose de medicações cuja excreção é renal, além de referenciamento tardio ao nefrologista.

Como funciona

Recomendações mundiais indicam a medição da creatinina sérica por meio de um kit específico com calibração rastreável em relação a padrões de referência internacionais, a partir da metodologia IDMS (Espectrometria de Massa de Diluição Isotópica). Além disso, é determinante que os laboratórios forneçam a eTFG junto com o resultado da dosagem de creatinina. Seria um parâmetro capaz de refletir com maior qualidade o conjunto das funções dos rins.

O National Institute for Standards and Technology (NIST) vem promovendo o uso de um material de referência padrão para ser utilizado na calibração, o SRM 914 Creatinine in Human Serum. Feito de soro congelado, o SRM 914 utiliza dois níveis – aproximadamente 71 μmol/L (0.80 mg/dL) e 354 μmol/L (4.00 mg/dL). Ele foi validado para ser utilizável em amostras de diversos procedimentos de rotina envolvendo a creatinina, sendo útil para estabelecer ou verificar rastreabilidades com referência no IDMS.

Situação no mundo

Na União Europeia, a calibração proposta com base em padrões específicos já é obrigatória por lei. O restante do mundo ainda passa por um período de transição, no qual diferentes níveis de implementação aparecem. No Brasil, a proporção é incerta e apenas 9,8% dos laboratórios liberam eTFG em seus laudos.

Um programa de padronização da creatinina (Creatinine Standardization Program) foi criado pela National Kidney Disease Education Program (NIDDK) para reduzir as variações interlaboratoriais em estudos de creatinina. Sua proposta é aumentar a precisão global na estimativa da eTFG. O esforço é parte de uma iniciativa para ajudar serviços de saúde a melhor identificar e tratar as doenças crônicas dos rins, prevenindo a falência renal e melhorando os resultados dos pacientes.

Outra iniciativa do programa é encorajar seus clientes a coordenar o uso da padronização com a implementação do TFG revisado, de maneira a garantir que as equações sejam apropriadas à nova calibração. Além disso, os laboratórios são instruídos a comunicar a utilizadores, como farmacêuticos, as adequações necessárias na interpretação dos resultados quando utilizada a calibração da IDMS. Conheça mais informações e dados voltados para a comunidade de laboratórios na seção Creatinine Standardization Recommendations do site da NIDDK.

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